SER FEMINISTA
por Abhiyana
O feminismo, pra mim, na minha percepção, tem que estar diretamente ligado à liberdade; no sentido mais profundo e amplo da palavra. Colocar as tetas pra fora pode passar pelo que chamamos de liberdade, mas isso é muito básico. Quando falamos do feminismo que nos liberta intrinsecamente, o buraco é bem mais embaixo. Um bom início é sermos (muito) honestas com nosso ser, atentas ao nosso corpo e intuição. Penso que, se o feminismo não passar em primeiro lugar por isso, pode ser que lá na frente encontre problemas. É de dentro pra fora. A auto-investigação deve ser constante; vira e mexe encontro crenças de merda que o machismo colocou em mim através do perverso sistema patriarcal. É foda escapar!
Quantas vezes uma mulher me conta algo, e vejo, imediatamente, um julgamento surgir me direcionando para um pensamento machista? Que bosta! Muita atenção é necessária. Reflito por exemplo, como lidar com a questão da vestimenta. Tenho uma sobrinha adolescente - e quero naturalmente protegê-la; muitas vezes fico preocupada com as roupas que ela veste. Foda! É uma linha muito tênue.
Nossa liberdade tem que estar em primeiro lugar, em todos os sentidos - desde a roupa que desejamos vestir (ou não), até as nossas realizações mais profundas! Falar de feminismo pede esta limpeza; uma vontade real e corajosa de se olhar e de nos livrar das porras todas que definitivamente não nos servem mais! Se formos falar de sexo, atenção redobrada! O que meu corpo deseja exatamente? Tenho intimidade com a minha buceta? Conheço cada centímetro dela? Tenho consciência da importância do meu orgasmo? Não só no sentido do prazer inenarrável que ele me proporciona, mas da sua potência, biologicamente falando? E do quanto isto está intimamente ligado à minha alegria de viver. Isso é sério!
Eu me considero feminista sim, e encho a boca com orgulho pra declarar isso! Uma feminista ainda em construção, com um desejo imenso de ver as mulheres cada vez mais livres, exercendo e vivendo plenamente o seu potencial máximo! Realizando seus sonhos, dos mais bobos aos mais estrondosos e fervilhantes! Que brilho há nisso!
Me engrandece receber depoimentos de mulheres que entram em contato com minha arte - e se sentem mais fortes e desejosas de serem elas mesmas - e até de sairem de relações abusivas.
Feminismo é uma prática diária, um olhar diário, uma cura diária - e uma vontade maior do que TUDO de se amar integralmente; custe o que custar. Foda-se, vale a pena!