Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
(Eduardo Alves da Costa)
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Já dizia o poeta, eles chegaram.
Fingiram quem eram bons,
mas roubaram, mentiram.
Trocaram riquezas por quinquilharias.
Estupraram mulheres, homens,
enfiaram suas crenças goela abaixo,
cobriram corpos nus como se fosse vergonha.
Eles chegaram, invadiram e por mais de 500 anos
continuam a massacrar,
a matar.
E ainda assim, não fazemos nada.
(Chris, The Red)
O primeiro ensaio da série foca na questão do massacre dos povos indígenas. Desde a chegada dos colonizadores, cada dia tem sido um "estupro" na cultura e comunidade indígenas. Tribos dizimadas, culturas “higienizadas".
Ainda hoje, tribos sofrem massacres, perdendo seus direitos, suas terras, sua cultura. Povos indígenas continuam sendo assassinados pela ganância e pelo preconceito. Tornando importante falar sobre estas questões, colocar minha arte para levantar outras questões sobre como a sociedade pode e deve contribuir para, finalmente, uma convivência em harmonia com os povos indígenas, os verdadeiros descobridores desta terra chamada Brasil.
Agradecimentos:
Diego Fernandes, DR, GP, Miguel Hernandez, Robson Cabral
Para a realização deste ensaio, foi realizada consulta com descendente direto de povos indígenas, o Thi que me ajudou na construção da narrativa.